Criando conexão e presença emocional
Mas afinal, o que é essa tal conexão e presença emocional que os responsáveis pela orientação parental falam? Perguntam-me em consultório os pais das crianças que estão com demandas desafiadoras através do seu comportamento.
A grande questão é que o comportamento do seu filho lhe diz muita coisa, mas infelizmente, por falta de conexão e presença emocional, os pais se perdem no meio do caminho e não conseguem perceber a resposta clara e, muitas vezes óbvia, sobre a necessidades emocionais que a criança tenta insistentemente comunicar. Torna-se quase um “grito” como forma de pedir ajuda para receber limites nas situações em que todos estão perdidos.
Quando o bebê nasce, Laura Gutman – psicanalista e investigadora da conduta humana – afirma que mãe e filho estão em “fusão emocional”, processo de estar conectado com o outro (a mãe) no nível emocional.
É através dele que a mãe consegue compreender o choro do bebê. Tal processo é de extrema importância na vida das crianças e adolescentes, especialmente na primeira infância entre 0 e 7 anos. O processo de “fusão emocional” define quem a criança será emocionalmente na vida adulta.
Porém, ao longo do processo de desenvolvimento infantil, por falta de conhecimento ou por inconsciência, os problemas de relacionamentos familiares tornam-se problemas de comunicação. Pais usam falas com a intenção positiva, mas acabam ferindo o outro (em especial o filho), deixando todos presos ao ciclo de “não reconhecimento” de suas próprias emoções. Onde não há reconhecimento emocional do adulto, haverá dificuldade de reconhecimento emocional dos filhos.
Até os 4 anos a criança tem dentro de si um vazio emocional, ela não é capaz de olhar para a vida com clareza. Sente dores profundas relacionadas ao seu desenvolvimento (dentes, cabelos, ossos crescendo) por isso, ela vê a vida através dos sentimentos da mãe.
Para se conectar emocionalmente com a criança e fazer o resgate emocional do adulto, em especial da mãe, é necessário olhar para dentro de si e pensar: qual necessidade emocional não foi atendida na minha infância?
A nossa cultura não sabe como lidar com as necessidades emocionais da criança, não sabe interpretar quando o filho está ficando doente com frequência, quando se machuca com frequência, quando demonstra em suas atitudes que há algo de errado. Se há um comportamento desafiador, investigue como anda o emocional da família, principalmente da mãe.
Após este entendimento, posso lhe dar algumas orientações gerais sobre como criar conexão e presença emocional. Essas habilidades são fundamentais para desenvolver relacionamentos saudáveis e significativos com os outros. Aqui estão algumas dicas que podem ajudar:
- Escuta Ativa: Preste atenção genuína ao que seu filho está dizendo. Faça perguntas para demonstrar interesse e compreensão, e evite interromper enquanto ele fala.
- Empatia: Tente entender as emoções e perspectivas do seu filho, mesmo que você não concorde com elas. Isso envolve colocar-se no lugar dele e validar seus sentimentos.
- Comunicação Não-Verbal: Sua linguagem corporal, expressões faciais e tom de voz podem transmitir muito sobre suas emoções e intenções. Mantenha contato visual, sorria e use linguagem corporal aberta para mostrar que você está presente.
- Demonstre Interesse Genuíno: Faça perguntas sobre a vida, interesses e preocupações do seu filho, mesmo que ele esteja te contando uma fantasia. Isso mostra que você valoriza o que ele tem a dizer e se preocupa com sua vida.
- Mostre Vulnerabilidade: Compartilhar algumas das suas próprias experiências e sentimentos pessoais pode criar uma sensação de conexão mais profunda e mostrar que você é humano. Quem disse que pais não podem pedir desculpas? Quem disse que pais não erram? Mostrar suas vulnerabilidades ensinará seu filho a ser forte também.
- Esteja Presente no Momento: Evite distrações, como dispositivos eletrônicos, durante conversas importantes. Dê toda a sua atenção ao seu filho quando estão interagindo.
- Respeite as Emoções: Reconheça as emoções dele sem julgamento. Às vezes, o simples ato de ouvir e validar os sentimentos pode criar uma forte conexão.
- Paciência: Construir uma conexão genuína e presença emocional leva tempo. Não espere que isso aconteça imediatamente; seja paciente e constante em seus esforços. Principalmente se você estiver no processo de resgate emocional do seu filho, se você percebeu somente agora o quanto houve “abandono” emocional nos primeiros anos de vida dele.
- Evite Julgamentos: Mantenha a mente aberta e evite emitir julgamentos precipitados sobre a criança ou suas emoções. Isso cria um ambiente seguro para a expressão genuína.
- Pratique a Comunicação Empática: Tente expressar seus próprios sentimentos e perspectivas de maneira que a criança possa entender e se relacionar. Use “eu” em vez de “você” para evitar parecer acusatório. Diga como “você” se sente e não o que “ela”fez.
- Mostre Apoio: Ofereça apoio e incentivo genuínos quando a criança estiver passando por descontroles emocionais (birras). Isso pode fortalecer ainda mais sua conexão.
Lembre-se e pense: qual a sua intenção ao se conectar com o seu filho? Aonde você deseja que a relação de vocês esteja?
Hellen Varoto
Educadora Parental certificada em: Facilitadora em Emoções / Disciplina Positiva / Parentalidade Consciente / Formação em estudos familiares / Sono & Apego Seguro / Terapia Cognitivo Comportamental na infância e adolescência.
"A inteligência emocional do seu filho vai mudar o mundo!"
Pedagoga das Emoções & Criadora do Método Criando com Ternura
Mais de 300 famílias colocando a teoria na prática.