A EDUCAÇÃO PARENTAL NOS APROXIMA DA NOSSA ESSÊNCIA
Muitas são as definições da palavra MATERNIDADE. Porém a vivência dessa experiência é única uma vez que, somente quem a vive compreende seu verdadeiro significado. Ser mãe é uma experiência pessoal e intransferível.
Somos condicionadas a romantizar a maternidade como toda a sociedade o faz, desconsiderando que, como todas as nossas experiências, ser mãe é luz, mas também é treva. Enquanto não admitirmos as trevas da maternidade somos condicionadas a viver em sua escuridão.
ALGUNS DESAFIOS DA MATERNIDADE
Os medos e as incertezas que a enxurrada de hormônios e as mudanças no nosso corpo trazem desde o início da gravidez;
Somos muitas vezes nocauteadas pelos palpites que vem de todos os lados, que mesmo que sejam para ajudar, podem deixar a situação ainda mais complicada quando se trata de uma mãe insegura, inexperiente podendo faze-la sentir completamente perdida;
Quando o bebê nasce traz novas transformações corporais, desgaste físico e mental no parto e puerpério, deixando a mãe mais frágil perante os desafios de cuidar de um ser tão indefeso;
Muitas mães sentem solidão e medo sem uma rede de apoio, pensando não dar conta, se deprimem e até se desesperam. Ainda nas primeiras semanas de vida da criança podem passar pelo transtorno do estresse pós-traumático confundido muitas vezes com depressão pós parto;
Além de tudo isso, sem rotina, sem conhecimento sobre o desenvolvimento da criança que ocorre tão rapidamente nos primeiros meses de vida e o retorno repentino para o trabalho, as mães se veem impacientes, estressadas e até exaustas, inclusive quando se tem outros filhos.
Assim, não podemos estagnar e manter o olhar romantizado para a maternidade. É necessário a tomada de consciência de que a maternidade é linda, mas é trabalhosa, desgastante, depende de estudo, da busca do conhecimento sobre esta fase e de toda uma organização para que seja mais leve e prazerosa.
O QUE A EDUCAÇÃO PARENTAL ME MOSTROU
Com a chegada da Luísa após um ano e dez meses da chegada da Laura, vivi uma semana de chutes, tapas, mordidas e me via cheia de roxões nos braços. Na verdade a Laura e eu sofremos muito desde a descoberta da gravidez da Luísa.
Não consegui continuar amamentado a Laura, não aguentava mais carrega-la e aos poucos ela foi se distanciando de mim. Ela sempre foi independente e preocupada em como ficaria com a chegada da Luísa, fui entregando-a, cada vez mais ao papai, avós.
Me vi perdida e muito frustrada comigo mesma. De fato eu não estava “dando conta”. Decidi que não queria ficar naquele lugar e comecei a pesquisar. Descobri a EDUCAÇÃO PARENTAL. Mergulhei nos estudos, entendi que a Laura precisava e clamava por mim. Deixei de ser uma mãe omissa, inconsciente das minhas responsabilidades de mãe.
Através da Educação Parental iniciei uma caminhada de autoconhecimento. Aos poucos consegui retomar minha rotina e criar a rotina da higiene do sono, da alimentação e do brincar das meninas. Tudo foi ficando mais leve. Com a Laura mudei a comunicação. Ela se reaproximou de mim e hoje temos uma relação de fidelidade, muita afinidade, totalmente respeitosa.
É preciso aceitar este processo de autorresponsabilidade que só é possível quando pais e mães se abrem para viver a educação consciente, a autoeducação. Se autorresponsabilizar só é possível quando passamos pelo processo de autoconhecimento.
Automaticamente o autoconhecimento desperta o autocuidado que nos traz o desejo de cuidar também de quem amamos, e de sermos os melhores pais e mães que podemos ser e fazer todo o possível para que nossos filhos sejam a melhor versão deles no mundo.
A educação parental traz segurança, leveza e liberdade no maternar proporcionando uma maternidade mais consciente, feliz; e empoderamento, nos aproximando cada vez mais da nossa verdadeira essência, nos possibilitando ser quem somos, a mulher e a mãe que queremos ser.
Jucelles Dumont
É mãe da Laura (6 anos) e da Luísa (5 anos), pedagoga, pós graduada em Educação Especial e AEE, coach de famílias, educadora parental com foco na educação emocional.