O espelho e os desafios da maternidade atípica

“MAS É PRECISO TER FORÇA É PRECISO TER RAÇA É PRECISO TER GANA SEMPRE. QUEM TRÁS NO CORPO A MARCA….MISTURA A DOR E A ALEGRIA”
Milton Nascimento
Essa é uma linda definição para nossa maternidade atípica, temos todo tempo essa sensação de dor e alegria.
Mas antes de falar sobre.
Vamos conversar da mulher que éramos antes de nos tornarmos mãe.
Éramos mulheres, que menstruávamos e que olhava os comerciais de absorventes para nos apresentar soluções melhores para esse momento de desconforto, onde queríamos ter uma vida absolutamente normal, como se não acontecesse nada nesses dias. Pois seus adereços eram muito desconfortáveis, cólicas, dores nas pernas e costas, fluxos intensos, TPM…enfim, mas nesses momentos tomávamos um chá, alguns remédios e tudo iria voltar ao normal.
Quem ousou falar isso após a gravidez, depois dos inchaços, aumento de peso, o emocional no limite, ninguém diz que isso passa depois, pois continuamos com o cansaço e com busca do equilíbrio emocional, quando mães atípicas principalmente perdemos nossa identidade.
Não estamos mais falando de uma gravidez ou maternidade comum, esse espaço de sonhos da maternidade, vai sendo sugado pelo desconhecido.
– O que se fala pouco, o desconfortável!
– As dúvidas do que está acontecendo ou do que aconteceu e o que seremos!
– Como enfrentar, o que será dos nossos filhos! Pois sonhávamos com uma vida, e agora a vida é desconhecida e os sentimentos e as emoções também.
Pensa! Quantas coisas e valores mudam após a maternidade e quando essa maternidade é atípica, o antes e depois é uma total mudança de nível na vida.
Pode ser, que hoje você se vê mais impaciente, irritada e isso pode estar te trazendo culpa, porém é normal, não entendíamos sobre essa doação para o outro, doamos tanto e passamos a ter um instinto tão aguçado que é real e precisamos aprender a lidar com tudo isso.
Mas vamos lá! Tudo isso é ousado, ser mãe é uma das coisas mais lindas que vivo todos os dias, porém são os maiores desafios que tenho todos os dias, e amo tudo isso. Tenho certeza de que você também, pois está aqui lendo esse texto.
Desencadear essa irritação, impaciência e medo é na maioria para entender o que estava em nós e não olhávamos muito, por exemplo:
- Você pode ser uma pessoa que tem um nível elevado de autocobrança
- Ingratidão, que questiona o tempo todo, por conta do medo.
- Das noites mal dormidas, dificuldade de ser acolhida e ajudada
- Ansiedade, pois estamos o tempo todo a procura de resultados, olhando para o futuro.
- Expectativas se seu filho está evoluindo e se terá sua vida de volta, trabalhos, terapias, diagnósticos e financeiro para tudo isso que está acontecendo.
O que essa condição fez de você e o que ela está te transformando?
Sim! pois o mundo que vivíamos de cólicas etc., já não são mais os mesmos, nossos sonhos de uma maternidade comum e conhecida se foram, e nossa identidade se tornou desconhecida.
Foi assim que me senti quando o Murilo, meu filho que hoje têm 15 anos nasceu, tenho uma filha de 19 anos que na época esperava seu irmão voltar para casa, mas demorou 2 anos para isso acontecer.
O que quero compartilhar aqui não são as dores que são causadas, mas a mulher que me tornei, uma mulher que eu não sabia que existia, porém, a mulher que sempre desejei ser. Pois a maternidade atípica não anula a mulher que somos.
Pois esse destino biológico e emocional, me fez uma mulher mais emponderada, consciente, mais forte, mais realizadora, madura, empática, vulnerável e por incrível que parece muito mais sonhadora que aprendeu a ver as belezas da vida.
Passei a entender que ser mãe é um convite irrecusável que a vida nos traz aos novos aprendizados e que jamais aprenderíamos se não fossemos, ser mãe é algo que aprendemos enquanto somos. Pois vivemos em um mundo de incertezas e dúvidas todo tempo, aquele mundo de certezas e julgamentos vão se transformando em aprendizados.
Mas para isso, foi preciso me libertar da fortaleza e me dar chance de buscar respostas e fazer escolhas me dando o direito de errar para acertar.

Quero que nesse momento você vire seu olhar para você. Na verdade, ficamos nas expectativas de aplausos, elogios, reconhecimentos e resultados. E isso é viver de condição.
Se tudo isso vier ótimo. Mas se não aparecer lembre-se que a pessoa que precisa torcer para você, a pessoa mais importante de sua vida, é você mesma, por tanto vibre com seus feitos e realizações, sendo elas pequenas ou grandes, elogie- se. Foi fazendo isso que comecei a não depender mais dos outros ou das condições, para que meu dia fosse como eu queria que fosse para mim, saber os papeis que eu tenho na vida das pessoas e as pessoas na minha vida, me deram clareza sobre a minha comunicação comigo mesma.
E meus filhos passaram a evoluir muito mais, parei de cobrar deles resultados e evolução, nós mães atípicas vivemos em terapias e evolução de forma frenética com eles, aprenda a viver com você e encontrar o que verdadeiramente te leva a essa posição.
Então vamos começar…..
Faça uma lista de suas conquistas, o que você realizou por ter essa “condição em sua vida”
Listas e conquistas da Ana. (eu mesma).
- Aprendi a cozinhar massas frescas aos 32 anos
- Empreender aos 34, abri uma casa de massa fresca
- Li mais livros nesses últimos 3 anos, do que imaginei que conseguiria
- Fiz cursos maravilhosos nesses últimos 4 anos
- Comecei uma nova faculdade
- Nossa! Sei muito sobre cardiopatia congênita e medicações que jamais pensei que saberia, converso com nível médico.
- Tive coragem de rever minha vida e meus valores
- Aprendi a me perdoar por me cobrar tanto na minha maternidade
- Renunciei o medo de errar
- Me tornei escritora
- Fiz eventos coorporativos e chiques e lindos com as massas
- Ajudo mães atípicas e mulheres a encontrarem sua identidade e dou orientação familiar.
- Estou escrevendo esse artigo para Amar e acolher, onde conheci pessoas lindas.
Enfim… existe muitas coisas que realizamos e fazemos, mas não damos conta, por não estar olhando para o lugar certo, na verdade olhamos somente para as condições que são dadas a nós para vivermos como se a maternidade atípica principalmente te anula de ser mulher, e não é verdade, ela faz de você um ser humano melhor para o mundo.
Tenha coragem em viver uma nova fase, a melhor de todas, olhe para você e entenda quais são seus sonhos, sua cor preferida, sua comida preferida, o cheiro que mais gosta, e tenho certeza de que esse pequeno começo, fará olhar para seu filho e ver a mulher que se tornou após a maternidade e a iniciar a fazer as pazes com sua história.
A força de uma mãe começa com a constante busca de amar e ser amada, mas esse é um processo que para começar é preciso primeiro descobrir a mulher que nos tornamos após a maternidade e educar nossos filhos com os valores que encontramos nessa jornada.

Ana Paula Alves
Educadora Parental, Hipnologa clínica, Coach Parental, PNL, extensões desenvolvimento humano ( PUC), analista comportamental, especializações em adolescentes e famílias, com certificações em Parentalidade Consciente, Jornada das Emoções de Pais, escritora com coautoria livro, graduanda em psicopedagogia.
Ajudo mães atípicas a encontrarem equilíbrio e sua identidade, transformando esse autoconhecimento em desenvolvimento e tempo com seus filhos e família.
2 respostas
Que lindo relato Ana Paula, sinta se abraçada você é com certeza um mulher incrível iluminada, quanta contribuição nos trouxe neste texto, que ele possa alcançar e inspirar muitas mulheres. Gratidão!!
Maravilhoso relato e muito encorajador. Parabéns Ana Paula.