Os estilos parentais na criação dos filhos - Qual é o seu?
Os estilos parentais fazem parte da nossa maneira de educar e são um reflexo de como fomos educados por nossos pais.
Eles se dividem em:
- Autoritário;
- Negligente;
- Permissivo;
- Autoritativo ou Preparador Emocional.
Conheça cada um deles e identifique qual perfil pode ser o seu ou de alguém que você conheça
O Estilo Autoritário
Os pais com esse perfil usam o autoritarismo na condução da educação de seus filhos; geralmente são opressores, controladores, cultivam o medo e não o respeito dos filhos. Esses, por sua vez, devem cumprir regras impostas e sem que possam contestar ou dialogar.
Frases como “faça o que estou mandando!”, “quem manda aqui nessa casa sou eu!”, “se você não fizer o que estou mandando, vou te bater!”, “engole o choro!”, “já falei e ponto final, obedeça!”, fazem parte do vocabulário desses pais. Num modelo de educação autoritário os filhos não conseguem expor suas opiniões e não têm suas necessidades compreendidas e atendidas, pois para pais autoritários tudo é frescura, mimimi.
Devido a essas atitudes, os danos causados, especialmente na criança, vão desde o distanciamento de sua essência e de suas emoções até um comportamento agressivo, violento na vida adulta.
Muitos filhos que convivem com pais autoritários desenvolvem fobia social, ansiedade e depressão, pois os pais os julgam e os criticam negativamente a todo momento, exigem demasiadamente deles para que tenham comportamentos exemplares e sejam obedientes.
Dentro de casa os filhos são castigados, ridicularizados e motivo de chacota ao demonstrar suas emoções. Já ouviu na sua infância ou disse a uma criança que “homem não chora!”, “parece um bebê chorando!”, “Como você é chorão/chorona!”? Pois é, são expressões típicas de pais autoritários.
Os filhos aprendem desde cedo que seus sentimentos não têm valor, que são inapropriados e que não serão acolhidos por aqueles que mais amam – seus pais. A inexpressividade das emoções faz com que não se sintam amados, pelo contrário, se sentem incapazes, desaprovados, desamparados; não adquirem autoconfiança e resiliência para enfrentar os desafios da vida.
Pais autoritários precisam trabalhar seus traumas e vivências da infância, perceberem onde e por que estão sendo desaprovadores com relação aos filhos, tentando ser mais “leves” e cuidar para que não repitam com o filho o que fizeram com eles.
O Estilo Negligente.
Pais com o perfil negligente são o oposto dos de perfil autoritário, pois são totalmente alheios às necessidades dos filhos: não proíbem, não negociam, não dialogam, não ajudam, ignoram o filho e tudo o que o envolve, não querem se responsabilizar pela tarefa de educar.
Também estão sempre jogando a responsabilidade para o outro (inclusive para pessoas de fora do círculo familiar, como professores/escola) e evitam tomar decisões no que se refere ao filho.
Neste tipo de parentalidade, não há afetividade, o filho se sente desamparado, sozinho, desorientado já que os pais são omissos e evitam ensiná-lo a resolver seus problemas.
São pais que não exercem a autoridade perante a criança, evitando embates ao dar limites e ao lidar com o comportamento dela.
Pais negligentes precisam se reconectar a criança, trabalhar a autorresponsabilidade, especialmente no que se refere à educação e formação dela, estarem atentos às necessidades dela e ajudá-la a tomar decisões ou na resolução de seus problemas.
O Estilo Permissivo
Pais com o perfil permissivo são extremamente tolerantes, amorosos e compreensivos – a ponto de não dar limites ou exercer sua autoridade como pais. Seus filhos são crianças que crescem acreditando que podem tudo e/ou podem fazer o que quiserem sem se importar com outras pessoas.
Além disso, são pais que superprotegem e evitam tomar decisões ou se autorresponsabilizar pela educação e formação dos filhos. Diferentemente dos pais negligentes, os permissivos não se autor responsabilizam por acreditarem que seus filhos devam ter suas necessidades atendidas o tempo todo.
Filhos de pais permissivos não têm seus sentimentos validados e as emoções negativas demonstradas, como a birra, não são trabalhadas de forma a gerarem frustração, por exemplo, já que os pais imediatamente dão o que a criança quer ou deseja para que ela esqueça essas emoções sentidas.
Sentem-se magoados, aborrecidos, assustados ou constrangidos com as emoções dos filhos. Além disso, tratam e querem que terceiros tratem seus filhos como seres especiais, que não devem ser contrariados.
As crianças tendem a não reconhecer e lidar com suas emoções e com as dos outros. Se sentem inseguros, incapazes, não confiam em si mesmas, não exercem a resiliência, acreditam que devem ser obedecidas e não obedientes, são mimadas, egocêntricas e acreditam que seus direitos estão acima dos de outras pessoas.
Pais permissivos precisam trabalhar a própria insegurança, a falta de confiança em si mesmos, a autorresponsabilidade, exercerem sua autoridade e enfrentarem as emoções negativas demonstradas pelos filhos como um exercício de crescimento e desenvolvimento pessoal para ambos.
O Estilo Autoritativo
Pais autoritativos estimulam o desenvolvimento emocional e cognitivo dos filhos, dão o suporte necessário para que as crianças se sintam felizes, tranquilas, autoconfiantes, seguras, com excelente autoestima, firmes e corajosas em suas decisões, e no enfrentamento de situações vividas.
Sendo assim, essas crianças, quando adultos, dificilmente apresentarão distúrbios comportamentais, psicológicos ou psiquiátricos. Esses pais, ao sentirem que os filhos apresentam emoções negativas, as respeitam e aproximam-se com o intuito de escutar, apoiar, amparar, dar suporte emocional e trabalham essa emoção negativa apresentada de modo a fortalecê-los e para que compreendam cada vez mais suas emoções, regulando-se quando essas vivenciadas.
São pais que se auto-observam constantemente, compreendem suas próprias emoções e as valorizam; também são pais que preparam emocionalmente os filhos, deixando que resolvam seus próprios problemas.
Filhos de pais autoritativos relacionam-se muito bem com outras pessoas, têm facilidade para aprender, são empáticos, independentes, confiantes e sabem que os erros que cometem são positivos para seu crescimento pessoal.
Nesse estilo parental os pais são preparadores emocionais dos filhos e vêem os ganhos da educação trabalhada no longo prazo, ao constatarem o crescimento emocional e psicológico saudável dos filhos.
Agora que você já conheceu os estilos parentais e se identificou com um dos que refletem uma educação tradicional ultrapassada e falha, não se julgue por estar repetindo o padrão que você viveu e conhece.
É hora de procurar identificar os erros que foram cometidos, se acolher, deixá-los para trás – o que aconteceu não pode ser mudado! – e reiniciar trabalhando seus comportamentos, pensamentos e atitudes para que esse ciclo se quebre.
Tenha em mente que você fez o seu melhor para educar/criar seus filhos, pois era o que aprendeu e sabia fazer, mas que de agora em diante está disposta(o) a se transformar e ser uma mãe ou pai gentil e firme na dose certa.
Caso precise de ajuda para trilhar esse caminho de transformação, procure uma educadora parental, ela irá te apoiar e te conduzir nesse processo.
Flávia Lemos de Freitas
Pedagoga há 12 anos e Psicopedagoga há 8. Educadora Parental formada pela Amar e Acolher desde 2020.
Ajudo mães e pais a se autoconhecer e a educar seus filhos utilizando ferramentas da Parentalidade Consciente.
"Minha missão é transformar famílias para que se relacionem de forma mais leve, amorosa e saudável e assim, transformem o mundo!"