O cérebro da mãe de um adolescente
É tão surreal!
A vida da mulher que é mãe é fora do normal, sendo mãe de um adolescente, então: é uma zona de perigo!
Acordo de manhã e começa o sufoco: café, filho para a escolha e um trânsito louco! Tenho que trabalhar, mas quando eu voltar, não posso descansar!
É o supermercado para fazer, a janta que todos vão comer…
E ainda tem bem mais, hoje eu não tenho paz, tarefa da escola, que o meu filho não faz! E o tanto de louça para lavar…
Dessa casa só tem eu para cuidar…
E meu filho na “aborrecência”, não quer saber de nada com a dureza: só jogos e celular, porta do quarto fechada e quando eu abro, tenho que me cuidar: a qualquer momento sei que um rato ou uma barata vai sair de lá!
Que bagunça!
Zona total!
Não tinha até um programa na televisão com este nome?
Será que foi baseado em “quartos reais”?
Que menino respondão!
Vive me desafiando!
Adolescente é muito chato!
Insuportável!
Eu não aguento não!
Você, mãe de adolescente, tem esses pensamentos?
#Quem nunca!
Por ser também, mãe de um adolescente, de 12 anos (sim, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, considera-se adolescente, aquele entre 12 e 18 anos de idade), entendo o que você passa e como se sente. Eu vejo você!
Eu gosto de ser portadora de boas notícias!
E eu tenho boas notícias para te dar! Mas antes, quero te fazer uma pergunta: Você investe seu dinheiro? Conhece alguém que faça investimentos? Ou seja, sai da sua conta bancária ou da conta de um conhecido seu, um dinheiro que é investido, pela expectativa dele crescer ao longo do tempo? E com isso será possível alcançar estabilidade financeira, objetivos e sonhos?
Eis que surge a minha boa notícia: É possível também alcançar seus objetivos e sonhos, de ter uma relação de mais harmonia, de mais entendimento, de mais proximidade e de mais amor, com seu filho adolescente!
Mas, assim como com o dinheiro, é preciso investir. Investir na relação de vocês! Investir é como plantar sementes hoje, para colher frutos amanhã! E te garanto, alguns frutos serão colhidos imediatamente!
Te falo por experiência própria, de uma mãe que era general, que obrigava, gritava, exigia do meu filho e após o conhecimento sobre parentalidade consciente, neurociências, educação positiva, passei a ser uma mãe mais calma, mais respeitosa, que entendeu que meu filho tem igual valor. O fato de eu ser a mãe dele, me coloca em uma posição de ser margem, assim como a margem de um rio: de orientar, de conduzir, mas não de atropelar, de arrastar….
Se você tem tido uma relação de conflito com seu filho e a comunicação está muito difícil, existem alguns hábitos, que você poderá desenvolver, para investir na relação de vocês e obter mais harmonia, colaboração, proximidade e muito, muito amor entre vocês:
1) Cuidar de você: Como cuidar de alguém se não cuidamos de nós mesmas, primeiro?
Autocuidado é amor próprio! É algo fundamental, para que eu esteja mais pacificada comigo, com a minha vida, para que eu possa, então, caminhar com meu filho, até onde eu caminhei comigo mesma.
2) Aceitação: Preciso me relacionar com meu filho tal qual ele é. Genuinamente. E não com o adolescente que eu gostaria que ele fosse. Afinal, será que eu tenho sido a mãe que ele também gostaria? Em toda integralidade? Não, isso não é possível. Então, não posso exigir do meu filho, aquilo que nem eu mesma consigo ser ou dar. Vamos nos relacionar com o filho que temos, com suas potencialidades, seus talentos, seus medos, suas angústias. Para que eles sintam que têm a quem recorrer: a nós!
3) Mostrar quem você é: Ser transparente, mostrando a beleza e dor de ser quem nós somos, para o nosso filho. Para que ele entenda que ninguém é perfeito, que vamos errar, mas que isso faz parte da vida e do aprendizado de cada um.
4) Ver intenções positivas: Precisamos partir do pressuposto que nossos filhos têm intenções positivas, já que elas estão normalmente ligadas às necessidades físicas ou emocionais, não atendidas. Ainda que o comportamento do nosso filho, no nosso entendimento, seja negativo, o que está por trás desse comportamento é uma necessidade não atendida, conforme princípio da comunicação não violenta e da parentalidade consciente.
5) Acreditar no seu filho: Acreditar que nossos filhos estão fazendo o que podem, com os recursos internos ou externos que têm, amplia as possibilidades e soluções para lidar com eles. Dessa forma, estaremos mais próximos dos sentimentos de compaixão e amor incondicional e, com isso, mais capacitados a ajudá-los.
6) Ouvir: O principal ponto de toda comunicação é saber ouvir. Sem julgamentos, sem críticas, para que nossos filhos tenham segurança de expressar o que verdadeiramente sentem, sem medo de serem criticados, punidos e até mesmo por não quererem nos decepcionar.
7) Não julgar: Sem querer entrar em nenhuma religião, julgamos o pecado e não o pecador. Da mesma forma, não devemos julgar nossos filhos por seus comportamentos. O importante é construirmos uma intimidade tamanha com eles, que possamos nos momentos de conflito, angústia, agressividade, compreender a razão pela qual eles estão agindo daquela maneira: estão se sentindo cobrados e sem capacidade para fazer o que estamos pedindo? Estão com medo? Estão se sentindo sozinhos? Estão cansados?
8) Ser flexível: Quando somos flexíveis na forma de ser, de pensar e de agir, aumentamos a possiblidade de interação, de condução, de reflexão, de expressão e de colaboração dos nossos filhos. Quando limito demais, pressiono, julgo, não entendo meu filho e aí ocorre
uma desconexão entre nós.
9) Criar bons momentos: Bons momentos, além daqueles de estarmos juntos, fazendo algo divertido são também momentos, nos quais, há espaço para todas as emoções, necessidades, opiniões e pensamentos. Não para eu tentar obter algo do meu filho ou ele de mim, não quero mudá-lo. Somente nos relacionarmos, nos sentirmos, nos percebermos, nos curtirmos.
10) Confiar: Confiar em nossos filhos e não controlar. Confiar em suas capacidades, suas competências, seu desenvolvimento, em suas emoções… Ainda que ocorram momentos, nos quais, essa confiança seja perdida é possível recuperar. Reparar, construir e confiar novamente.
11) Ser generosa: Ser generosa no sentido de dar para os nossos filhos, o melhor de nós, a nossa presença EMOCIONAL e não só física, o nosso tempo, nosso afeto, nosso respeito, nosso amor, sem querer receber nada em troca. Esta sim é uma entrega verdadeira!
Você pode ter a harmonia, o respeito, a proximidade e o amor, na relação com seu filho! Para isso é necessário que você, que nós conjuguemos o verbo relacionar! A chave da educação, está na relação!
E você é detentora dela! Vire esta chave! Eu acredito em você, eu sei que você tem o desejo de ser a melhor mãe, para o seu filho!
Sigamos em frente, respeitando nossos filhos, para que eles vivenciando o respeito, possam nos respeitar também e a todos em sua volta!
Plantando constantemente, chegará o tempo da colheita! E eu estou aqui com você, para você, para seguirmos juntas, esse caminho.
Confie, logo ali na frente, é mais bonito!
Fabrícia Brites
Educadora Parental, com foco em adolescentes. Formação na Amar e Acolher Especialista em Neurociências do
comportamento, Pós graduanda em Educação Positiva, Certificada internacionalmente, em Disciplina Positiva, Especialista em Comunicação não Violenta e Parentalidade Consciente.
Mentora de mães e pais e de adolescentes e Palestrante.